Ezequiel não tinha medo. Não tinha medo do
escuro, nem da água, muito menos de ficar sozinho. Ezequiel não tinha medo de
nada. Aos 8 anos de idade já afrontava toda espécie de militar que encontrava
pela frente. Atirava pedras e palavrões na direção das viaturas que via passar
e saía correndo em direção ao mais seguro dos esconderijos, a casa de sua avó.
Afinal de contas, ele era corajoso, mas não era nada bobo.
Detestava os militares, ou melhor, odiava-os,
pelo simples fato de um dia, quando tinha 6 anos, ter visto um bando de homens
fardados invadir sua casa e levar, à força, seu pai e sua mãe. E o que é
pior... nunca mais trazê-los de volta.
Desde esse dia Ezequiel ficou sob os cuidados
de sua avó materna, que morava na mesma rua em que ele residia com seus pais,
no bairro da Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro.
Dois anos depois de seus pais terem sido
levados pelos militares, ele ainda esperava por eles, afinal, enquanto eram
empurrados para dentro dum camburão ambos repetiam: “Ezequiel não se preocupe,
nós voltaremos. Vá pra casa da vovó e espere lá”.
Assim, todos os dias, por volta das 5 horas
da tarde (hora que sua mãe costumava chegar do trabalho) ele sentava-se no
alpendre da casa de sua avó – na rua Barão de Piracinunga, rua que dá acesso ao
morro do Salgueiro – e lá ficava esperando até 7 ou 8 horas da noite, quando
sua avó o chamava para o jantar.
Enquanto esperava seus pais, às vezes sentia
sede e entrava rapidamente para beber água, algumas vezes encontrava sua avó
chorando baixinho. Então, Ezequiel se aproximava dela e perguntava por que ela
estava chorando, ela respondia que não era nada, apenas estava um pouco triste,
coisas da idade. Ezequiel fazia-lhe um carinho com as mãos e outro com as
palavras e corria de volta pro seu posto.
Dona Dulce – era esse o nome da avó de
Ezequiel – chorava, não de uma tristeza qualquer ou de saudade, mas chorava por
sentir, ou melhor, por saber – pois as mães sabem quando algo de ruim acontece
aos seus filhos – que a espera daquela criança era em vão.
Dona Dulce tinha a certeza que sua filha e
seu genro jamais voltariam, pois sabia que ambos eram militantes da esquerda,
não desses que discutem teorias e livros, mas dos que vão para o “front” lutar
por melhorias de vida para os pobres e miseráveis, dos que se sensibilizam com
o sofrimento alheio e dividem o pouco que têm com os que não têm nada.
A certeza que Dona Dulce alimentava, quanto
ao destino da filha e do genro, era produto da experiência, afinal ela – que
nasceu no mesmo ano que a República – já havia vivido um momento muito
semelhante àquele, em 1937. Era impossível, para ela, não comparar e perceber
as semelhanças dos dois momentos: a atmosfera de histeria anticomunista, o
golpe militar, as perseguições, as prisões, os exílios e as mortes.
Nas conversas que tinha com a filha e o genro
sempre os advertia com relação aos perigos que existiam nas atividades
políticas de que ambos participavam. Recordava episódios passados que tinha
vivenciado, mas seu genro, tentando tranquilizá-la, sempre respondia: “Dona
Dulce, minha querida, a História não se repete!”.
Então, dona Dulce – do alto da autoridade que
sua idade permitia – retorquia afirmando que acreditava que da mesma forma como
as primaveras se repetem sem jamais se repetirem as flores, os eventos
históricos – mantendo sua singularidade – podem apresentar características
semelhantes a eventos que ocorreram em outros tempos e em outros lugares.
Assim, da forma mais trágica e dolorida, dona
Dulce viu confirmada suas ideias sobre a História. Naquele momento, ela tinha a
convicção de que em algum lugar havia sido instituído um “Inquisidor-Mor” que
julgaria sumariamente e condenaria à “fogueira” todas as supostas “bruxas”,
inclusive aquelas que ela conhecia tão bem: sua filha e seu genro.
O pai de Ezequiel era professor. Professor de
História da Universidade Federal Fluminense, devoto de Paulo Freire. Acreditava
que a Educação era o caminho mais fácil e curto para a emancipação, tanto
política quanto econômica. Acreditava tanto nessa ideia que três dias por
semana, depois de cumprir seu horário, ministrava aulas, voluntariamente e sem
remuneração, para os funcionários de uma indústria que ficava próxima à
Universidade.
A mãe de Ezequiel também era professora, uma
excelente professora – diga-se de passagem, patenteada pela Academia – que por
opção, ou melhor, por missão lecionava em uma Escola Pública dentro da
comunidade do Salgueiro, isto é, próxima à sua casa.
Na verdade, havia dois interesses, um público e um particular, por trás
dessa decisão, da mãe de Ezequiel, de dar aula em uma Escola Pública.
O interesse público, por um lado, dizia
respeito à possibilidade de viver o que acreditava, ou seja, contribuir, com o
que ela tinha de melhor a oferecer, para a formação intelectual e a para a
conscientização política dos menos favorecidos, dos deserdados, como gostava de
falar.
Por outro lado, o interesse particular era
infinitamente mais forte, porque se referia à oportunidade de chegar mais cedo
em casa – às 17 horas – e desfrutar por mais tempo da companhia de seu único
filho. Menino ativo, feliz, que desde a mais tenra idade já possuía um brilho
diferente nos olhos.
Um brilho que sua mãe definia como
inquiridor, investigativo, agudo, perspicaz. Não demorou para que Ezequiel
confirmasse todas as impressões e definições maternas. Aos 11 meses começou dar
os primeiros passos exploradores; aos 18 meses formulava as primeiras frases;
com 2 anos e dez meses perguntou pra sua mãe por que o sabonete cor de rosa
tinha a espuma branca; aos 6 ele já sabia ler; aos 7 anos queria saber por que
o avião que era daquele tamanho voava e ele que era muito menor não... Ele
continuou assim, investigando e questionando, mesmo depois de grande.
Em 1968 Ezequiel tinha dez anos e poucas
lembranças de seus pais. Entre essas lembranças, as mais vívidas eram aquelas
em que os três brincavam e se divertiam em alguma praia, ou nas gramas da
Quinta da Boa Vista, ou soltando pipa no morro do Salgueiro, ou ainda na Praça
Saens Pena, nas noites quentes.
Essas lembranças eram seguidas de perto por
aquelas em que se via acompanhando seus pais em reuniões de adultos, nas quais
estes conversavam sobre vários assuntos. Ele se lembrava de algumas palavras
que eram repetidas frequentemente; lembrava-se claramente da palavra movimento,
da palavra revolução, da palavra ditadura (que sempre vinha acompanhada de um
palavrão) e de algumas outras.
Entre essas palavras, a que Ezequiel mais gostava era movimento. Ele não gostava
da palavra revolução porque terminava em “ão” e o fazia lembrar de “não”, que
era a palavra que ele menos gostava. E não gostava da palavra ditadura porque,
observador que era, já tinha percebido que sua mãe, seu pai e todos os amigos
deles também não gostavam dessa palavra.
Um dia Ezequiel perguntou pra sua mãe o que
significava a palavra movimento. Sua mãe tentou responder, mas, como nessa
época ele tinha acabado de completar 6 anos, antes mesmo dela concluir a
segunda frase, ele já tinha desistido de tentar entender. O importante é que
seu pai e sua mãe gostavam daquela palavra, portanto, deveria ser alguma coisa
boa, pensava ele.
Poucos meses depois desse dia, pra ser mais específico em agosto de 1964, foi
que aconteceu o episódio em que os militares invadiram sua casa e levaram seus
pais.
O tempo passou, Ezequiel cresceu. Na mesma
proporção que ele crescia, crescia também sua curiosidade, seu desejo de
conhecer, sua sede de saber.
Embora tenha sofrido muito com o
desaparecimento dos seus pais, Ezequiel continuou a fazer progressos no campo
intelectual, continuava querendo desvendar o mundo. Entrou pra escola,
rapidamente aprendeu a ler e escrever. Quando fazia a 4ª série sua professora
disse pra sua avó que ele era inteligente e tinha muita facilidade em aprender.
Dona Dulce nunca teve problemas com relação
aos estudos de Ezequiel, desde pequeno ele gostava de ver e conhecer coisas
novas, gostava de estudar e aprender. Aos 15 anos ele frequentava o 1º ano
colegial, como se dizia na época. Ele continuava tendo facilidade com todas as
disciplinas, mas gostava de História.
Ezequiel gostava muito particularmente de
História Antiga, talvez por uma influência residual de seu pai, que sempre lhe
contava histórias, lendas e mitos que tinham como pano de fundo o mundo antigo.
Gostava principalmente do que ele considerava os Enigmas da História, aqueles
assuntos ou temas, cujas interpretações ou explicações dos historiadores eram
tão improváveis quanto às suas.
Entre seus temas prediletos estavam a
construção das Pirâmides do Egito, a incrível cidade de Machu Picchu, a Ilha de
Páscoa e seus Moais, o Stonehenge, Tenochtitlan (a cidade dos Deuses dos
Astecas) e as misteriosas Linhas do Deserto de Nazca. Ezequiel acreditava ter
uma hipótese que respondia às principais questões levantadas por esses
monumentos: por que? como? para que?... No entanto, ele nunca expunha a ninguém
sua hipótese e suas interpretações.
Ezequiel gostava de investigar, de conhecer
coisas novas, de se aventurar, talvez essa fosse sua principal característica.
Na verdade, seu espírito aventureiro era o único motivo de preocupação para
dona Dulce. Desde os 13 anos o garoto já realizava expedições exploradoras pelo
Rio de Janeiro.
Ezequiel explorou o Centro, a Lapa, Santa
Tereza, a floresta da Tijuca, a Urca, a Rocinha, o Aterro do Flamengo,
Botafogo, a Gloria, São João de Meriti, Bangu, a Penha, Piedade, Duque de
Caxias, a Mangueira etc... Aos 15 anos ele conhecia o Rio e as redondezas como
poucos cariocas adultos o conhecem.
Ezequiel ansiava por ampliar seu horizonte de
exploração, porém, as circunstâncias, naquele momento, não permitiam: ele não
tinha idade, nem dinheiro. Então, ele sonhava em viajar pelo Brasil, depois
pela América e depois pelo mundo.
Pouco depois de completar 16 anos sua avó morreu,
aos 85 anos. Ezequiel ficou sozinho no mundo, pois dona Dulce era toda a
família que ele possuía. Naquele dia ele chorou, não de medo do futuro incerto,
mas de gratidão por tudo aquilo que sua avó havia feito por ele, por tudo
aquilo que haviam passado e suportado juntos.
Nessa época, ele já trabalhava como
office-boy em uma conhecida agência de propaganda. Estudava de manhã e
trabalhava à tarde. Foi uma amiga de dona Dulce, mãe do dono da agência, que
havia conseguido aquele trabalho pra ele.
Ele gostava de trabalhar ali, gostava porque
aquele era um ambiente criativo e porque reconhecia o poder que aquele
instrumento – a propaganda – possuía. Gostava tanto daquele ambiente que, mesmo
depois de cumprir seu horário de trabalho, ficava um tempo por ali,
investigando e aprendendo.
Num desses dias em que ficou até mais tarde
no trabalho, presenciou uma reunião em que se discutia uma campanha
publicitária para uma rede de motéis (Atlântico Motéis); discutia-se
especificamente o que escrever nos outdoors que o cliente queria espalhar pela
cidade, com o propósito de inovar e aumentar o fluxo dos frequentadores.
Depois de mais de 1 hora de peleja e nenhuma
frase sequer que agradasse ao chefe, Ezequiel, meio tímido, perguntou se podia
dar uma sugestão. O chefe respondeu que sim. Então ele perguntou o que achavam
de:
“ATLÂNTICO MOTÉIS
Antes à tarde do que nunca”
Por alguns instantes a sala ficou em absoluto
silêncio, todos voltaram seus olhares pra Ezequiel, que corou. Em seguida o
chefe soltou uma gargalhada estrondosas e disse que a ideia e a frase eram
geniais, que estavam aprovadas e que seriam utilizadas.
No dia seguinte a campanha foi apresentada ao
cliente que simplesmente adorou a ideia. Nesse mesmo dia, ele foi promovido de
office-boy a assistente de criação.
Dois meses depois disso, o dono da rede de
motéis entrou em contato com a agência para agradecer e renovar o contrato,
pois, segundo ele, graças àquela campanha o faturamento da rede de motéis havia
triplicado. Além disso, prometia levar mais trabalhos de suas outras empresas e
de empresas de seus amigos.
Nessa época, Ezequiel tinha acabado de
completar 17 anos, fazia o 3º ano colegial e se preparava para prestar o
vestibular. Desde a morte de sua avó, ele morava sozinho naquela mesma casa da
Tijuca.
Ezequiel não gostava muito de festas, por
isso, desde que foi promovido já havia conseguido economizar um bom dinheiro.
Com esse dinheiro, ele fazia planos de comprar uma moto, para que, assim que
completasse 18 anos e tirasse habilitação, pudesse dar início ao que denominava
“Expedição Brasil”, isto é, viajar mais livremente pelo território brasileiro e
conhecer de perto toda a sua diversidade geográfica, étnica e cultural.
Um ano mais tarde, Ezequiel realizava seus
planos: tirou habilitação e comprou uma moto. Agora, aguardava ansioso a
chegada do carnaval para que pudesse fazer a primeira viagem da “Expedição
Brasil”, como nunca tinha querido tirar férias, agora ia emendar o carnaval às
férias. Ia ficar praticamente 40 dias viajando. Já tinha escolhido o destino,
pretendia conhecer o litoral norte de São Paulo: Guarujá, Bertioga, São
Sebastião, Ilha Bela, Maresia.
Ezequiel fez a programação e roteiro do
primeiro dia, como ele tinha muito tempo, não tinha pressa de chegar a lugar
nenhum. Queria simplesmente aproveitar cada segundo daquela viagem, visto que
já alimentava o desejo de fazê-la há muito tempo. Sairia do Rio, na
quarta-feira bem cedo, pela BR 101. Seguiria nela até Bertioga, onde
pernoitaria e deixaria a moto, para, na quinta cedo, pegar a balsa
Bertioga-Guarujá, com o propósito de acampar na prainha Branca, que, de acordo
com um amigo paulista que trabalhava com ele, era um lugar maravilhoso, o mais
bonito que já tinha visto.
Naquela época, a prainha
Branca, que fica no município do Guarujá, era uma praia praticamente deserta.
Do lugar onde se desembarcava – que era o único lugar povoado naquela região –
até a prainha Branca eram aproximadamente 6 km de trilha. Uma trilha sinuosa,
por dentro da Mata Atlântica, que subia e descia um morro.
No final da trilha, os aventureiros eram
recompensados com uma visão paradisíaca. Um pedaço do mundo praticamente
intocado. Uma praia de areias claras, levemente prateada, cercada, de um lado,
por um Oceano, cujas águas tinham diferentes tons de verde, dependendo da
profundidade; de outro lado, a praia era cercada por uma densa floresta de Mata
Atlântica, que tinha resistido à cobiça humana.
Aquele ambiente parecia, de alguma forma,
encantado pra ele. Durante todo aquele dia Ezequiel esteve sozinho naquela
praia. Nadou, correu, dormiu, sonhou com aquela praia, acordou, ficou feliz por
perceber que tudo aquilo não tinha sido só um sonho. Passou o dia como uma
criança. Se lembrou dos dias felizes que passou com seus pais, se lembrou da
sua avó. Sentiu saudade dos três, queria que eles estivessem ali, com ele.
A noite veio chegando, Ezequiel já havia
armado sua barraca, recolheu lenha para acender uma fogueira, quando
anoitecesse por completo, mas o fogo era pra espantar o frio e os bichos, caso
ambos o ameaçassem. Caso contrário, não seria necessário, pois a noite era de
Lua cheia e o céu estava absolutamente sem nuvens e repleto de estrelas.
Ezequiel estava extasiado com aquele espetáculo da Natureza,
nunca tinha estado tão próximo de Deus. Deitado na areia, observava a Lua, as
estrelas e a chuva de estrela cadentes. Sentado, observava o brilho da Lua
deslizar ou surfar sobre as cristas das ondas, que arrebentavam rumorosamente
na areia.
Hipnotizado pelo barulho rítmico das ondas –
barulho que para ele mais parecia a respiração do mar – Ezequiel deixou sua
visão se perder no horizonte e assim permaneceu por mais de duas horas. Até que
o inesperado, ou melhor, o inacreditável aconteceu.
Ezequiel viu emergir do Oceano, a uns 100
metros do ponto em que estava, a coisa mais espetacular que já tinha visto. Um
objeto de aproximadamente 20 metros de largura por 10 de altura. Porém o que
mais o impressionou não foi o tamanho, mas a matéria de que era feito.
O objeto se parecia com uma pedra preciosa
lapidada. Uma gigantesca safira azul, com as bordas arredondadas, que irradiava
uma luz intensa, mas que não agredia os olhos. O objeto não emitia ruídos,
apenas uma suave vibração, o que o fez lembrar da expressão “sombra sonora” que
já tinha ouvido em uma das músicas de Raul Seixas. Muitas vezes ele se
beliscou, mas não era um sonho, aquilo realmente estava acontecendo.
De repente o objeto começou a se mover
lentamente em direção à praia, em direção a Ezequiel, que permaneceu imóvel. O
objeto se aproximou lenta e continuamente até que, a uns 3 metros dele e a 1
metro da altura do chão, parou.
Naquele momento sublime, momento em que dois
mundos se encontravam e estabeleciam contato, Ezequiel murmurou: “– Eu
sabia!”. Para ele, aquele fenômeno que estava presenciando comprovava,
irrefutável e absolutamente, todas as suas ideias e hipóteses com relação às
Pirâmides do Egito, à Machu Picchu, à Ilha de Páscoa, às linhas de Nazca etc.,
etc., etc....
Enquanto pensava isso, diante dos olhos de
Ezequiel surgiu – da mesma forma como surge um buraco num plástico, quando o
aproximamos de um ponto incandescente – uma abertura naquele magnífico objeto.
Daquela abertura jorrava uma luz opalina muito suave.
Em nenhum momento Ezequiel teve medo.
Todavia, se alguém o visse naquele instante acreditaria que ele estava morrendo
de medo, pois todos os pelos do seu corpo estavam de pé. Mas não era medo, era,
simplesmente, o efeito do magnetismo daquele objeto.
Ezequiel esperou alguns instantes. Olhou pra
esquerda, olhou pra direita, como que se despedindo da Terra. Olhou pra trás
como se olhasse pro seu passado, lembrou de tudo que havia vivido... lembrou
também que não tinha raízes, que nada o prendia ali. Sentiu pulsar toda a força
do seu espírito investigador, aventureiro, explorador...
Então, começou a caminhar lentamente em direção ao interior daquele objeto e a cantar partes de sua música predileta:
“Um índio descerá de uma estrela colorida e brilhante
De uma estrela que virá numa velocidade estonteante
E aquilo que nesse momento se revelará aos povos
Surpreenderá a todos, não por ser exótico
Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto
Mesmo quando terá sido o óbvio”
Poucos segundos depois de Ezequiel entrar
naquele objeto, a abertura por onde ele havia entrado desapareceu da mesma
forma que havia aparecido. Em seguida, o objeto mudou de cor, de azul passou
pra o vermelho, assemelhando-se a um grande rubi. Mais alguns segundos se
passaram e, então, o objeto se desmaterializou, se desintegrou – como se
desintegra uma bolha de sabão –, porém sem deixar o menor vestígio.
“Olhei, e eis que, no firmamento que estava
por cima da cabeça dos querubins,
apareceu sobre eles uma como pedra de safira
semelhando a forma de um trono.
Olhei, e eis quatro rodas junto aos querubins,
uma roda junto a cada querubim;
o aspecto das rodas era brilhante
como pedra de berilo.
Quanto ao seu aspecto,
tinham as quatro a mesma aparência;
eram como se estivesse
uma roda dentro da outra”.
Ezequiel 10:1-22
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